HIDRELÉTRICAS
A ENERGIA NECESSÁRIA PARA O BRASIL EM 2020
As hidrelétricas
Em setembro de 2012, segundo dados atualizados
da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Brasil chegou a uma capacidade de geração elétrica ao redor de 119GW (giga Watts). Para 2020, a ideia é crescer
50%, aproximadamente, supondo uma taxa de crescimento em torno de 4,5% ao ano.
A pergunta que se faz necessária nesse momento é: quais serão as fontes
energéticas utilizadas para suprir essa demanda e qual será a fatia de cada uma
na matriz elétrica brasileira?
INTRODUÇÃO
Para que um país cresça e se desenvolva nos setores econômico, industrial
e social, um dos pontos mais importantes é a sua capacidade de suprir a demanda
energética. Atualmente, com relação a esse item, apenas isso não basta. Temos
de olhar com muita atenção para as questões ambientais inseridas nesse contexto.
Se, de um lado, é importante preservar o meio ambiente e, realmente é, de
outro, a demanda por energia aumenta quase que de modo exponencial. Quando a
questão energética entra em conflito com a ambiental, como fazê-las conviver de
forma harmoniosa e sustentável?
Então vejamos: não há dúvidas quanto ao aumento da demanda energética
mundial nos próximos anos e, no Brasil, isso não será diferente. A questão é
que nosso país, assim como os demais BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), é um país emergente, ou seja, há muito espaço para o
crescimento, diferentemente de um país desenvolvido que já possui um grau de
desenvolvimento mais maduro. Ou seja, precisamos fomentar esse crescimento para
que ele realmente ocorra e nos torne, em um futuro oxalá não muito distante,
uma potência econômica, industrial e social como almejamos.
O nosso quadro energético, resumidamente, é o seguinte: temos à
disposição um grande potencial hidrelétrico (260 GW) com 70% ainda não
explorado (a maioria na região amazônica); os melhores ventos do mundo para
mover as pás das turbinas eólicas circulam por aqui; nosso potencial solar é maravilhoso;
várias culturas de biomassa, que podem ser utilizadas para a produção de
biocombustíveis, estão em nosso país; temos a 6ª reserva de urânio do mundo e fazemos
parte de um seleto grupo de três países que dominam todas as fases do chamado
ciclo do urânio (os outros dois são os EUA e a Rússia); e também temos as
reservas do pré-sal e de gás natural ainda por explorar.
Com todo esse potencial energético e essa variedade de fontes de energia,
somos um país único no mundo. Não conheço outro país, com dimensões semelhantes
às nossas, com tamanha diversidade energética.
O
ONS (Operador Nacional do Sistema)
A nossa variedade climática nos ajuda muito também. Isso permite, por
exemplo, que o ONS (Operador Nacional do Sistema) possa organizar a produção,
por parte das usinas, e o fornecimento de energia para os consumidores de forma
mais racional, pois o nosso sistema elétrico é interligado. O ONS é o
responsável pela operação do sistema elétrico brasileiro gerenciando os
recursos energéticos de acordo com a oferta e a demanda do sistema.
Para exemplificar, vejamos a seguinte situação: o ONS avalia que há pouca
água nos reservatórios das usinas hidrelétricas da região Norte, mas tem a
informação que há muita água estocada nos reservatórios das usinas da região
Sul em uma determinada época do ano. Nesse caso, o ONS fornece energia ao país
utilizando-se da água dos reservatórios das usinas da região Sul, poupando a
água dos reservatórios das usinas da região Norte.
Temos esse privilégio porque nossa diversidade climática nos permite:
geralmente, quando há estiagem numa região, chove na outra e vice-versa (não
estou computando os eventuais efeitos da chamada mudança climática).
HIDRELÉTRICAS
EM XEQUE
Vamos, então, analisar a situação atual das usinas hidrelétricas
brasileiras. A nossa matriz elétrica atual, segundo o BEN (Balanço Energético Nacional) -resultados
preliminares- da EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas) , divulgado em 2012
(ano-base 2011), é composta por, aproximadamente, 82% de fontes hidráulicas, o
que revela a importância dessa fonte para o país. A maioria das nossas usinas foi
construída nas décadas de 1970 e 1980, época em que as questões ambientais
estavam apenas engatinhando. Hoje, temos um quadro bem diferente: as questões
ambientais ganharam muita força e a simpatia da sociedade civil o que, no caso
das hidrelétricas, força-nos a repensá-las.
Tomemos, como exemplo, o caso da polêmica usina de Belo Monte no rio
Xingu (PA): o futuro reservatório dessa usina terá um terço do tamanho do
projeto inicial por conta de questões ambientais. Ou seja, Belo Monte passará
de uma usina com reservatório para uma usina “a fio d’água”. Esse tipo de usina
não tem reservatório, ou tem um muito pequeno em relação ao padrão das grandes
usinas. E o que isso significa?
Usinas com grandes reservatórios podem “armazenar água”, para utilizá-la
em momentos de estiagem; já as usinas a fio d’água dependem muito mais da vazão
do rio e não têm essa capacidade de estocagem, ou seja, são muito vulneráveis
às condições climáticas e, no caso de estiagem, não terão reserva de água para
funcionar e fornecer energia.
Portanto, usinas a fio d’água representam um ganho ambiental, mas uma
insegurança quanto ao fornecimento contínuo de energia.
Colocadas as questões ambientais, duas perguntas ficam no ar:
·
Será que, a partir da usina de Belo Monte, todas
as futuras hidrelétricas construídas no país serão a fio d’água?
·
A maioria de nosso potencial hidráulico está na
região amazônica; quanto desse potencial será realmente aproveitado nos
próximos anos?
Existem, ainda, as PCH’s (Pequenas Centrais Hidrelétricas), desconhecidas
do público em geral. O setor diz que não tem o devido apoio para crescer e, por
outro lado, não tem muito o que avançar em tecnologia, diferentemente de outras
formas de energia como, por exemplo, eólica e solar, pelas suas próprias
características de produção de energia.
Para terminar, gostaria que todos nós tivéssemos em mente que se, por
qualquer motivo alegado, notadamente o ambiental, abrirmos mão do potencial
hidráulico que temos, principalmente de usinas com reservatório, teremos de
gerar energia de outra fonte energética despachável (energia despachável é
aquela que pode ser armazenada e, portanto, fornecida aos consumidores
independentemente das condições climáticas locais). As outras formas de energia
despachável que temos à disposição são a nuclear e as térmicas a combustíveis
fósseis. Solar, eólica e biomassa, que são as fontes renováveis mais utilizadas
no mundo, não são despacháveis, portanto não garantem a segurança no
fornecimento de energia.
Então, teremos que decidir: Vamos optar pelas hidrelétricas com
reservatório; pelas usinas nucleares ou pelas usinas térmicas que queimam
combustíveis fósseis e produzem os gases de efeito estufa (aliás, essas, quando
utilizadas pelo ONS para manter o fornecimento de energia, elevam o preço de
nossas contas de luz)? Se não optarmos por nenhuma dessas, viveremos dependendo
energeticamente apenas da natureza em pleno século XXI. A escolha é nossa!
O País tem 8.513.000 Km² de área. O espaço ocupado pelas áreas alagadas pelos reservatórios presentes e futuros não chega a fazer cócegas, sem contar com as inúmeras alternativas econômicas que oferecem – piscicultura em larga escala, por exemplo. Quando avalio os argumentos contra a construção de hidrelétricas, constato que a maior parte é simplesmente romântica ou ecológica de baixa qualidade. Gastar uma montanha de dinheiro para fazer usinas de "fio d'água", que não garantem abastecimento algum na época da seca, me parece um desperdício irresponsável com o dinheiro dos contribuintes.
ResponderExcluirEntão, parece-me que precisas ler e estudar bem mais sobre o assunto, antes de escrever que a maior parte das argumentações é "simplesmente romântica ou ecológica de baixa qualidade"...
ExcluirSe temos, hoje e potencialmente, várias oportunidades na nossa matriz energética, algumas ainda muito pouco exploradas, penso que o país precisa, sim, utilizar várias fontes geradoras de energia e não somente uma ou duas. As PCHs são uma boa opção, porém, se continuarem a ser construídas muitas PCHs numa mesma bacia hidrográfica, como já ocorre, os impactos ambientais serão muito grandes, como os de uma usina hidrelétrica grande.