ENERGIA NUCLEAR
JAPÃO PRETENDE ABANDONAR A ENERGIA NUCLEAR. QUAIS SERÃO AS CONSEQUÊNCIAS DESSA DECISÃO?
Ao ler essa notícia, confesso que fiquei um pouco surpreso. Não pela redução gradativa da participação da energia nuclear na matriz energética japonesa, mas sim pelo anúncio de redução total até 2040. Até o acidente de Fukushima, o plano japonês era aumentar para, cerca de, 53% a participação dessa fonte - era 30% à época do acidente.
COMO FAZER A TRANSIÇÃO DA MATRIZ JAPONESA SEM POLUIR O MEIO AMBIENTE E AUMENTAR OS CUSTOS COM A IMPORTAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS?
A matriz energética do Japão é composta por, aproximadamente, 30% de energia nuclear. Só para comparar, o Brasil está na faixa dos 2%. Se ela for 'zerada' ou drasticamente reduzida até 2040 (alguns dizem 2030), como está sendo cogitado, quais fontes energéticas assumirão esse papel?
Ao que tudo indica, o governo japonês elegeu as renováveis para esse posto. Devemos nos lembrar que a energia nuclear é do tipo despachável (que pode ser armazenada para uso futuro) e que as renováveis não são (exceto as hidrelétricas com reservatório). As fontes renováveis, atualmente, representam 10% da matriz japonesa, ou seja, em 28 anos, deverão triplicar a sua participação.
Ao que tudo indica, o governo japonês elegeu as renováveis para esse posto. Devemos nos lembrar que a energia nuclear é do tipo despachável (que pode ser armazenada para uso futuro) e que as renováveis não são (exceto as hidrelétricas com reservatório). As fontes renováveis, atualmente, representam 10% da matriz japonesa, ou seja, em 28 anos, deverão triplicar a sua participação.
Algumas questões e observações importantes para reflexão a esse respeito:
- Haverá espaço físico para a implantação das energias renováveis (um aerogerador eólico, por exemplo, ocupa, em média, pois isso depende do seu tamanho e potência, um terreno de 1 hectare (um campo de futebol aproximadamente)?
- A segurança energética, no sentido de fornecimento contínuo de energia à população, ou seja, a confiabilidade do sistema, será afetada, pois, nesse caso, as fontes despacháveis, aquelas que garantem o fornecimento contínuo de energia, diminuirão a sua participação na matriz.
- Quando as renováveis não puderem fornecer energia, pois dependem da natureza (ventos, sol, chuva, safra, etc), as térmicas a combustíveis fósseis terão de ser ligadas para garantir o fornecimento de energia e, portanto, emitirão poluentes atmosféricos e os famosos gases de efeito estufa para o meio ambiente.
- O Japão terá de aumentar a importação de combustíveis. Isso afetará, de maneira significativa, os custos do setor.
- Será que essa decisão vai, na prática, ser a mais adequada ao meio ambiente e à necessidade energética dos japoneses?
Acredito que a energia solar fotovoltaica distribuída em superfícies "inúteis" (como topos e fachadas de prédios, espaços entre bitolas de trens, etc) seja um bom investimento para eles. Exige um investimento inicial grande, tem uma relação $/W ruim e uma eficiência de conversão pouco otimizada... mas é uma forma de evitar outros problemas que o Japão já enfrenta, pois não exige sacrifício de espaço, ajuda a descentralizar a geração energética e trazê-la para junto dos centros consumidores (e a destruição das linhas de transmissão por fenômenos naturais é um problema tangível lá), além de ter baixa necessidade de manutenção após o investimento inicial. A eficiência energética seria baixa mas a ecoeficiência seria provavelmente maior que construir centrais fotovoltaicas isoladas ocupando terreno agricultável.
ResponderExcluirQuanto ao regime oscilante de geração, termelétricas são pouco ecoeficientes quando usadas como complemento do sistema como o Brasil faz, se comparadas às usadas em geração contínua. Porém em valores absolutos, a geração termelétrica complementar ainda representaria um ganho ambiental em relação à carga poluidora emitida anualmente por uma geração termelétrica de base...
ResponderExcluirIsso pensando em tecnologias já disponíveis, porque no médio/longo prazo o campo de supercapacitores talvez tenha uma contribuição significativa a dar para o armazenamento e a normalização do fornecimento a partir de fontes renováveis, a partir dos recentes resultados conseguidos utilizando grafeno.
Ah sim... o mais importante: as energias renováveis são "pouco confiáveis" porque sofrem oscilações de capacidade de geração no curto/médio prazo, entretanto a meu ver a energia nuclear está se provando menos confiável ainda para o Japão. Fukushima era uma fonte firme até o acidente, porém agora não só parou de gerar como se tornou um ralo que irá demandar alto consumo energético por décadas até que seja completamente descomissionada.
ResponderExcluirSe somarmos a energia despendida na construção, os períodos sem geração por questões de segurança/manutenção e agora a energia que será despendida para remediar os impactos do acidente, descomissionar a planta e tratar todo o resíduo (e águas) radioativos... sei que essa é uma conta quase impossível de fazer, mas talvez a geração líquida de energia de uma planta como essa não seja tão boa assim.