SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO
Uma pequena discussão sobre o sistema elétrico brasileiro
O Brasil chegou a uma capacidade de geração elétrica ao redor de 127GW (giga Watts) em dezembro de 2013 segundo dados do MME – Ministério de Minas e Energia. Para 2020, a ideia é crescer 50%, aproximadamente, supondo uma taxa de crescimento em torno de 4,5 a 5% ao ano. Como sustentar esse crescimento? Quais fontes energéticas serão mais sustentáveis, não só do ponto de vista ambiental, mas também do econômico?
Para
que um país cresça e se desenvolva nos setores econômico, industrial e social,
um dos pontos mais importantes é a sua capacidade de suprir a demanda
energética. Atualmente, com relação a esse item, apenas isso não basta. Temos
de olhar com muita atenção para as questões ambientais inseridas nesse
contexto. Se, de um lado, é importante preservar o meio ambiente, e realmente
é, de outro, a demanda por energia aumenta substancialmente.
Para tanto, planejamento é fundamental. Temos um grande potencial hidrelétrico (260 GW), 70% ainda não explorado - a maioria na região amazônica; os melhores ventos do mundo circulam por aqui; nosso potencial solar é maravilhoso; várias culturas de biomassa estão em nosso país; estamos sempre entre a 5ª e 7ª reserva de urânio do mundo; e também temos as reservas do pré-sal e de gás natural ainda por explorar – sem falar no polêmico gás de xisto (shale gas).
A
nossa variedade climática nos ajuda muito também. Isso permite, por exemplo,
que o ONS (Operador Nacional do Sistema) possa organizar a produção, por parte
das usinas, e o fornecimento de energia para os consumidores de forma mais
racional, pois o nosso sistema elétrico é interligado. O ONS é o responsável
pela operação do sistema elétrico brasileiro gerenciando os recursos
energéticos de acordo com a oferta e a demanda do sistema.
A capacidade instalada atual das usinas hidrelétricas - de acordo com o MME - é de 86 GW, ou seja, 67,7% do total, o que revela a importância dessa fonte para o país. A maior parte delas foi construída nas décadas de 1970 e 1980, época em que as questões ambientais estavam apenas engatinhando. Hoje, temos um quadro bem diferente: as questões ambientais ganharam muita força e a simpatia da sociedade civil o que, no caso das hidrelétricas com reservatório, força-nos a repensá-las.
Usinas hidrelétricas com grandes reservatórios produzem energia que é conhecida como despachável - pode ser armazenada, neste caso, sob a forma de “água represada”-; já as usinas a fio d’água - que estão sendo construídas atualmente no país e têm reservatórios de pequena capacidade - dependem muito mais da vazão do rio, ou seja, são muito vulneráveis às condições climáticas e, no caso de estiagem, não terão reserva de água para funcionar e fornecer energia. Portanto, usinas a fio d’água representam um ganho ambiental, mas uma insegurança quanto ao fornecimento contínuo de energia.
As outras formas de energia despachável que temos à disposição são a nuclear e as térmicas a combustíveis fósseis. Solar e eólica, que são as fontes renováveis mais utilizadas no mundo, não são despacháveis - até o momento não se consegue armazená-las. Portanto, elas não podem garantir a segurança no fornecimento de energia.
O governo federal, a partir de 2001, ano do famoso “apagão”, começou a investir mais fortemente nas usinas térmicas a combustíveis fósseis que passaram a ser as grandes aliadas do nosso sistema elétrico, atuando de modo complementar às hidrelétricas para manter a segurança energética. Mas agora, praticamente na metade do 1º semestre de 2014, estamos pensando em, talvez, promover as térmicas a combustíveis fósseis de reservas - complementares - a titulares.
Como se sabe, esse tipo de usina é mais cara e poluente. Será que vamos enveredar por esse caminho? E as térmicas a biomassa, não seriam uma melhor solução. Elas também utilizam fontes renováveis - dependem da natureza - porém, uma vez colhida a safra de determinado período, ela pode ser armazenada.
Outro ponto muito importante, pouco abordado e incentivado pelo nosso governo, é a energia distribuída, ou seja, não centralizada. Deveríamos investir muito mais nesse tipo de fonte energética que é uma forma inteligente e estratégica de desafogar o sistema centralizado. Haveria menores impactos ao meio ambiente e um maior controle de gastos já que cada brasileiro consumidor de energia teria informações em tempo real através de uma rede inteligente conhecida por smart grid. Além disso, o smart grid contribuiria com outro assunto não muito em pauta que é a tão necessária eficiência energética.
Enfim, existem várias opções num país tão diverso, inclusive no clima. Resta saber se o clima e o meio ambiente políticos vão contribuir para um “tempo bom e ensolarado” no setor energético.
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