ENERGIA NUCLEAR
ANGRA 1: problemas que nos servem de exemplo
O programa
nuclear brasileiro caminha lentamente desde a entrada em operação comercial de
sua primeira usina no país, denominada Angra I, em Angra dos Reis no Rio de
Janeiro em 1985 com 0,64GW de potência instalada. Com a mesma tecnologia alemã,
outra usina também foi construída, só que bem mais tarde, em 2001, Angra II com
1,35GW. As duas
usinas representam 3% da geração de energia elétrica do país.
O governo
prometeu mais uma usina nuclear para 2016, mas uma revisão no cronograma das
obras, realizada pela estatal Eletronuclear, alterou a entrega para maio de 2018.
Estamos falando da usina Angra III.
Ao que tudo
indica, a partir de agora, o programa nuclear brasileiro deixará de lado sua
estagnação e começará a avançar de modo mais efetivo. Estão propostas de quatro
a oito usinas nucleares em 17 anos. A justificativa do governo é a de que temos
de investir em todas as formas de energia, incluindo a nuclear, principalmente
por se tratar de energia firme, característica que as renováveis não possuem.
Agora, como podemos nós, brasileiros, confiar em um futuro programa nuclear, proposto pelo governo, com as recentes falhas ocorridas na usina Angra 1.
O histórico de "falhas", só nesse ano, vai desde um problema no sistema de água de alimentação principal da unidade - onde não há radiação - levando ao desligamento da usina em 25 de março, até o mais recente desligamento ocorrido em 04 de julho por atuação não programada das barras de controle - que "controlam" a velocidade das reações de fissão nuclear e por consequência a temperatura da água e a pressão do vapor formado atuando, portanto, diretamente na segurança do sistema.
A usina foi desligada, segundo dados oficiais, quatro vezes esse ano, do SIN - Sistema Interligado Nacional - por apresentar algum tipo de problema.
Alguns desses eventos são chamados de ENU - Evento Não Usual - sem maiores consequências quanto à segurança da usina e da população próxima a ela.
O que esses "eventos" nos faz pensar é como podem ocorrer tantas falhas em tão pouco tempo. Portanto, não seria um equívoco, nem tampouco uma fantasia, pensar nesses problemas ocorrendo em várias outras usinas que estão sendo propostas para o futuro, de acordo com o nosso programa nuclear.
Claro que cada caso é um caso, mas, com esses eventos recentes, fica difícil confiar em segurança nuclear e que ficaremos tranquilos, pelo menos quanto a operação do sistema. Vejam que não estou considerando o imponderável, os acidentes provocados por eventos naturais ou até mesmo ataques terroristas ou coisa do gênero, mas sim o simples exemplo dos erros atuais que estão ocorrendo em uma usina já instalada e operacional no país.
Enfim, devemos ficar de olhos bem abertos e exigir uma ampla discussão com a participação popular antes que qualquer decisão quanto à construção de novas usinas nucleares seja decretada no país.
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